De Rosas e Delírios
(Eder Fersant)
Pense em mim, mas pense agora
De um jeito diferente
Pense em mim como uma nuvem
Teto de um dia quente
Tão morena, tão pesada
Tão tranqüila, e preparada
pra se jogar de repente
Eu olhando tanta terra
Tanta terra me olhando
Hora eu desejando ela
Hora ela me desejando
E eu sigo gasosamente
Sem mudança aparente
No rumo que eu vou tomando
Com o vento sempre mudando
A direção do meu olhar
Me soprando, me soprando
Cada hora pra um lugar
Me apontando agora um lado
Onde eu olho encantado
Uma flor se balançar
De maneira singular
Com aquela brisa mansa
Não se vê nada mais lindo
Até onde a vista alcança
Um poema em tanta prosa
Tanta terra pra uma rosa
Que ao som do vento dança
No torpor de outras plantas
Mal pude me aproximar
Nem a terra a sua volta
Eu consegui encharcar
Engasgo de chuva fina
Querendo cumprir sua sina
De tão alva flor regar
Refletindo os seus olhos
E adubando minha mente
O céu chega a azulejar
Quase “turmalinamente”
Aquele transe aumentando
Tanta cor me cintilando
Caio repentinamente
Garoando em pensamento
Pra tocar flor tão formosa
De voz tão convidativa
Feito rede preguiçosa
Nisso consigo chover
No vapor do enlouquecer
Pétalas tão desejosas
Como o tempo pouco importa
Numa existência gasosa
Vou seguindo insano e lento
Feito chuva ruidosa
Jardineira dos martírios
Pois só conheço delírios
Quem dera saber de rosas
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